Huayana Potosí - dia 2

    Leia antes o primeiro dia:   Primeiro dia


     Eu nem consegui dormi de ansiedade, e acordei até meio tremendo. Hoje seria o mini-trekking (aproximadamente duas horas) para o primeiro refúgio, onde agente aguardaria até meia noite para começar a subida rumo ao Huayana.
     Acordamos bem cedo, tomamos um café bem farto, e começamos a nos preparar. E nesse momento, eu tive a melhor notícia que eu poderia ter: eu teria um guia só para mim! Como eramos cinco, acabou que sobrei sozinho! Acho que é a melhor notícia que eu poderia ter recebido até então, porque minha preocupação de andar devagar ou atrasar alguém sumiu naquele momento, e até então essa era a minha maior preocupação.
     Quando fomos preparar a mochila com os equipamentos, encontrei o primeiro problema. Eu não tinha NADA na mochila, e meus equipamentos mal couberam dentro. Talvez porque a única bota que me serviu era 47, e a jaqueta que me deram era muito grossa, mas o guia já ficou bem grilado aí, falando que eu estava levando coisa demais. Eu até tentava mostrar que não tinha nada além dos equipamentos na mochila, mas o guia era bem escrotinho mesmo. Nem queria ouvir, só falava pra eu arrumar se não eu não iria conseguir subir com esse peso nas costas.
     Eu achei que era exagero, porque na boa, duas horas de trekking deve ser bem fácil né?
     Não. Ainda mais com uns 16 kgs nas costas.
     Me arrumei todo, e quando saí do refúgio, encontrei aquele primeiro alemão que ia fazer em dois dias voltando da montanha. Ele estava visivelmente exausto, e disse que foi muito mais difícil do que ele achou que era, mas ele chegou no topo em 5 horas. Não sei se me senti bem ou mal com isso que ele falou, mas logo eu ia descobrir.
     E começamos a andar. Tudo muito legal, visual bacana, eu estava ouvindo música, e a primeira hora foi basicamente caminhada e foi relativamente tranquilo. Mas aí a coisa ficou feia. Da metade par frente, não é simples caminhada. Tem lugares que você tem que escalar mesmo, usando as mãos e tudo mais, em pedras com pouco de neve, bem escorregadias, e com uma mochila pesada nas costas. E sem proteção. Caiu, é um tombo bem feio. Bem feio mesmo.
     Os americanos e o guia deles se distanciavam cada vez mais, e eu estava muito cansado, precisando descansar a cada 20 minutos, e deixando meu guia visivelmente chateado. Teve algumas vezes que ele nem parou, e eu cheguei a perder ele de vista algumas vezes. (Guia bom né?)
     Depois de muita dificuldade, cheguei ao destino, cerca de 20 minutos depois dos americanos, e enquanto eles estavam conversando de boa, eu mal conseguia ficar de pé. Isso na primeira trilha. A mais fácil. E com meu guia falando "Lugar de brasileiro é na praia, o que que você ta fazendo aqui?". Bem motivador ele. E eu fiquei levemente preocupado.
     Foi quando entrei no novo abrigo. É muito igual os abrigos que eu tinha visto em filmes e documentários sobre montanhas, escaladas etc, e isso me deixou muito animado. Fora que tinha umas 10 pessoas lá em cima já, e ficamos conversando por horas, jogando baralho, conhecendo o pessoal etc. Tinham americanos, italianos, franceses, alemães, ingleses e eu! E ah, eu realmente era o único sem experiência em montanhas. Tinha um japonês também, mas ele não falava inglês, e ficou deitado sozinho o tempo inteiro.
     Foi bem legal ficar lá, teve nevasca bem forte, o banheiro era extremamente frio e era quase um trekking pra chegar nele, o visual era inexplicável, até mesmo com a nevasca, o pessoal divertido, a comida muito boa, o ambiente legal, enfim, eu me diverti muito mesmo durante o dia inteiro nesse abrigo. Mas quanto mais se aproximava das 7 horas, onde o jantar ia ser servido e agente ia dormir para acordar meia noite, minha tensão aumentava. Mas por alguma estranha razão, eu estava confiante. Talvez porque até os experientes estavam com mal estar da altitude, e eu por algum motivo sou completamente imune a isso, e como eu até faço exercícios, não conseguia imaginar um motivo para eu não conseguir chegar ao topo. Isso eu iria encontrar no dia seguinte. Ou daqui algumas poucas horas na verdade.

Fotinhas da mini trilha


Pode escorregar não!

Pra variar, meu guia me esperando...

Mochilinha pequena nas costas, e bando de folha de coca na boca!

Uns alemães vindo atrás da gente

Chegueeeeei!

Olha que abrigo doido!

Subir essas pedrinhas ae com a mochila né fácil não!


   
   








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