Jungle Trek Day 2

Dia 1 aqui:  Dia 1


     Tivemos que acordar as 7 da manhã, pois no segundo dia era o dia de caminhada e caminhada... mas até que foi tranquilo acordar, dormi que nem uma pedra depois do dia anterior.
     Fomos tomar café da manhã e descobrimos que 3 outros grupos estavam tomando no mesmo lugar, e tivemos a falsa impressão de que iríamos comer comida de qualidade! Até que eles mandam agente pro fundo do hotel enquanto o resto ficou na frente... A comida foi até legal, mas descobrimos que os outros 3 grupos tiveram buffet de frutas e pães... e um dos Canasians ficou bem grilado e foi reclamar com guia, mas não deu em nada haha.
     Logo depois do café, começamos a caminhar pela estrada de carro mesmo, por uns 30 minutos, até que entramos na mata pesada.
    A caminhada é dividida em três partes, sendo que as duas pausas são em duas 'monkey houses', em que você tira foto com macaco nas duas, e na segunda ficamos mais de hora degustando várias comidas, frutas e bebidas tradicionais da região.
    A primeira parte da caminhada é bem fácil. Andando no meio da mata, vendo algumas plantações de cocas, milhos gigantes e café, sendo trucidado por mosquitos gigantes apesar de muito repelente, paisagem bem legal e grupo bem animado. Pintamos a cara de novo, mas dessa vez foi com fruta, e não com sangue de inseto. Desse momento em diante, Tai, o cara do vietna, foi apelidado de Thai LadyBoy pelo jeito que pintou a cara.
    A primeira parada na Monkey House é só pra descansar mesmo, e pra tirar foto com um macaco ladrão que soca a mão no bolso de geral e tenta roubar tudo quando é eletrônico, e quase que leva minha gopro! E logo seguimos caminhada pela parte mais tensa do trekking, a trilha inca.
     É bem assustadora e difícil. É praticamente 3 horas de subida, em degraus bem desproporcionais, de aproximadamente 1 metro de largura e com um abismo do lado. Eu e o Luke estávamos levemente mais assustados que o resto, e algumas vezes agente engatinhava mesmo. O Justin morria de medo de altura, mas ele conseguia não olhar pro lado e disparou na frente, e apesar deu estar bem devagar, eu fui o segundo, porque como o nosso guia disse, tinha muito 'China time' no grupo. Quando perguntei o que era o China Time, ele disse 'Pictures pictures pictures!' com um sotaque asiático e olho puxado, e até os chineses riram bastante. Mas é verdade, enxia o saco o tanto que eles paravam pra tirar foto.
    Descobri que eu ia ter que pagar 5 soles por um bondinho que eu nem sabia que tinha... mas achei legal andar de bondinho. Imaginei que seria tipo um teleférico ou algo assim... Pfff.... vídeo no fim da postagem.
    Depois chegamos na última monkey house, bem cansados, e escutamos bastante da história peruana e inca, degustamos cacau de tudo quanto é tipo, umas 5 frutas que é uma mais gostosa que a outra, e a famosa tequila inca, uma tequila com ervas e uma cobra dentro. Bem forte ela. E tinha um outro macaquinho lá, esse mais tranquilo, e ficamos brincando um pouco com ele.
    Saímos de lá e andamos mais umas 2 horas por um caminho bem plano, e chegamos a tão esperada piscina termal, onde ficamos por 2 horas trocando ideia e descansando as pernas em uma água extremamente limpa e quente, e foi beeeem bom essa parte.
     Pegamos busão e fomos para penúltima cidade antes de Águas Calientes, onde tivemos um hostel que também não tinha água quente, onde o pessoal pediu pra eu colocar meu sapato e minha meia fora do quarto, porque o fedor de merda tava tenso, e onde tinha uma 'boate' da cidade com pole dance que agente foi conhecer... por uns 40 minutos.
     Nem preciso dizer que só tinha os 3 grupos do tour na 'boate', e o pessoal logo foi embora. Até na boate o Justin peidava muito alto velho. Na trilha, na monkey house, na frente de quem quer que fosse, agente acordava com ele peidando no meio da noite, era bem tenso isso. E o cara reclamando da minha meia embostiada! É foda.
     Acabei por descobrir que um dos canasians trabalhava com computação também... ele era desenvolvedor de software na empresa que fazia o software pra gopro... falei ah blza...
     Voltamos e dormimos, ao som de peidos do Justin e de um regueton filha da puta do andar de cima que ninguém desligava, mas também estava bem cansado e dormi bem.



Eu, os canasians atras, justin cabeludo na frente, guia de verde e erick a direita!

Pode cair não!

Macaco doidim na gopro danado

Esse macaco era mais de boa. Entenderam porque apelidaram o Tai de ladyboy?

Experimentamos de tudo ai!

Tekila inca


Nem pra tirar foto eu desgrudava da parede ahaha


HotSprings


Jungle Trek Day 1

     Antes de mais nada, para quem não sabe, a jungle trek é um trekking de 4 dias e 3 noites que sai de Cuzco e vai até Machu Pichu. No primeiro dia, tem downhill de bicicleta e rafting, no 2 dia umas 8 horas de caminhada, sendo que 3 horas são na trilha inca original, no 3 dia são 5 tirolesas e uma ponte suspensa, além de 3 horas de caminhada rumo a Águas Calientes e no quarto dia Machu Pichu, com passagem de trem para voltar as 18:30 ou 21:00.  

     Acordei as 7 horas bem animado, afinal, o que eu mais espero da viagem é Machu Pichu!
     Pela primeira vez em todos os tours que fiz, eu não paguei o mais barato. Decidi pagar um com a agência mais famosa, e ver se realmente vale a pena. Adiantando, não vale. Eu devo ter uma aura de azar com relação a agências que escolho, porque sempre os outros grupos tem melhor comida e melhor equipamento. Mas foi bem divertido assim mesmo.
     Começando pela agência que 'buscou' agente na porta do hostel... apé. Tivemos que andar uns 10 minutos na chuva e fica esperando na praça até o ônibus da agência aparecer. Mas já deu pra conhecer Erick, um sueco que estava indo também do meu hostel.
     Antes do bus chegar, um outro participante apareceu: Justin, um americano que mora em uma cidade que tem 700 habitantes, e é exatamente o esteriótipo de cara do campo americano que eu imaginava, a começar pelo sotaque, e por um fato que iria aparecer no decorrer da viagem também, relacionado a gases intestinais.
     Andamos por algumas poucas horas até nossa primeira parada, onde iria começar a primeira aventura da viagem: o downhill de bicicleta. Não tinham capacete com encaixe da gopro, como a agência falou que teria, e todos os equipamentos eram do mesmo tamanho... ou seja, fiquei baby look, com a cotoveleira lá no meu ombro e minha joelheira na coxa, isso sem falar do capacete que tampava 5% da minha cabeça, mas ta valendo.
     Resumindo, o donwhill é bem podrinho. Não sei se é porque eu fiz o de La Paz e estava esperando algo a altura... mas também pode ser porque você não pode correr, não pode ultrapassar ninguém, o guia vai na frente bem devagar, as bicicletas eram horríveis, literalmente todas quebraram menos a minha (porque eu não passei marcha nenhuma vez), e toda hora você passava em uns córregos no meio da estrada que molhava tudo, e a paisagem não era la grande coisa, mas ta valendo. Há, e no final, quando fui tirar o equipamento, tirei a bota e fiz o favor de pisar em uma merda de cachorro grande mole e quente, e nesse momento que me toquei que eu tinha trago apenas um par de meia para 4 dias de trekking.... UM PAR DE MEIA PARA 4 DIAS ANDANDO NA MATA, E AINDA PISO NA MERDA COM A MEIA NO PRIMEIRO DIA. Mas ta valendo.
     Voltamos pro busão e andamos mais uma hora e pouco até nosso restaurante em uma cidade vizinha, onde iríamos dormir. Como de costume em todas as minhas tours, eu sempre fico no grupo fudido. Todo mundo foi pra outros restaurantes e outros hostels, o nosso ficou num restaurante na entrada da cidade e foi pra um hostel sem água quente. Apesar de que a comida foi boa e a cama era legal, então ta valendo.
     Eu tinha decidido que não iria fazer o rafting, mas chegando lá descobri que eu era o único que não ia fazer, então acabei que decidi fazer, afinal o rio estava na dificuldade 5 (eu pensava que era de 1 a 10 a escala de força do rio).
     Deu vontade de sair correndo quando vi o rio. O rafting de Arequipa foram 3 botes e 1 caiaque de segurança... esse eram dois caiaques de segurança por cada bote, sendo que um deles tinha um cilindro de mergulho extra, o que me assustou um pouco. O rio da medo só de olhar. Mas eu já estava lá então fazer o que... Foi a experiência mais intensa que tive depois do Huayana Potosi com certeza. É muito assustador o rio, mas ninguém caiu, e não tem pedras no rio, o que me deixou muito tranquilo, porque afinal de contas eu sei nadar e tava com um colete de ate 120kg em mim. Só uma hora que o guia jogo todo mundo na água lá que deu um pouco de susto, porque o rio estava meio tenso na hora também, e a água estava mais pra gelo do que pra água, mas foi muito divertido. Valeu muito, mas muito a pena eu ter feito esse rafting. E depois descobri que a escala do rafting não é de 1 a 10... é de 1 a 5. Isso explicas as ondas que eram 3 vezes maior que o bote, e que fazia parecer que agente estava andando de montanha russa.
     Depois do rafting, voltamos ao hostel onde teríamos o resto da tarde e anoite atoa, saindo apenas para o jantar. Por algum motivo, havia uma corda no meio do pátio do hostel em formato de forca, e uma área pra sentar cheio de banana de graça, que agente comeu em meia hora, depois fomos jantar ali perto mesmo com o guia (que tinha sumido desde que pegamos o ônibus, e só apareceu depois da bike e do rafting) e quando voltamos tivemos que esperar uns 30 minutos pro dono do hostel aparecer pra destrancar a porta, porque ele tranco agente de fora (só tinha agente no hostel).
     Até o momento o nosso grupo era eu, Erick um sueco, Luke e Charlie, chineses que moravam no Canadá desde os 6 anos de idade, Tai, um vietnamita que também morava no Canadá e Justin, o americano roceiro. A noite agente ficou jogando uns jogos viajados de baralho e rindo muito, e foi muito divertido, além de que acabamos por quebrar o gelo e conhecer melhor o grupo.
     Enfim, bike, rafting, games, restaurantes suspeitos, cordas de forca, e grupo bem animado. Foi bem foda o primeiro dia!
Eu, os 'Canasians' e o justin de vermelho

/
?????

Jantar no restaurante depois do rafting

   

Top 3 o que fazer na Bolívia!

Ps.: Huayana Potosi vou deixar de fora da lista, porque não é algo que todo mundo faz ou consegue fazer (tipo eu ahah)



Top 3:   Isla Del Sol Trekking:   (Aprox~35 bolivianos de ticket durante a trilha)
Link do Blog: Aqui

     Isla del Sol é um ponto obrigatório em quem está na mochilando na Bolívia, devido a sua beleza e prestígio.
     Quando estiver em Copacabana, você pode escolher pegar um barco tanto para parte norte quanto para parte sul da ilha, e isso vai depender de quanto tempo você tem para passar na ilha. Eu realmente recomendo deixar um dia para dormir na ilha até, se tiver apertado em tempo deixe de ficar em Copacabana e vá para isla del sol, vale muito mais apena!
     O trekking é muito bem sinalizado, tem uma trilhazinha durante todo o percurso, e atravessa a ilha da parte norte a sul, passando por ruínas bem interessantes, como uma mesa de sacrifício, e isso tudo regado a visões perfeitas do lago Titikaka, das montanhas de fundo e das praias da própria Isla.
     Ele não é um trekking difícil, pode ser feito de 2 horas e meia ate 4 horas para quem quiser ir mais devagar e descansar durante o caminho, e você ainda encontrará umas 2 ou 3 vendinhas ao longo do caminho, além dos 'pedágios' para ter direito a entrar nas regiões centrais e sul da Isla, que custam ao todo 35 bolivianos por pessoa.
     Enfim, foi um dos passeios mais bonitos que fiz na Bolívia, está recomendadíssimo para quem gosta de paisagens naturais e uma caminhada sem pressa e não muito difícil, e o melhor, ao contrário do que dizem por aí, não é nada caro hostels na Isla del Sol! Paguei 30 bolivianos por pessoa para um quarto privado com banheiro e água quente!

As Ruínas

Final do trekking! Alá a chola que vai cobrar o último pedágio



Dica que serve para toda Bolívia: Não peça informação aos nativos. Eles mandam pro lugar errado por puro prazer, e na Isla não foi diferente. Perdemos uma hora, mas ganhamos um visual bem bacana!



Top 2:  Salar do Uyuni   (Entre 800-1100 bolivianos para passeio de 3 dias, com tudo incluso)
Link do Blog: Primeiro dia aqui (os demais dias estão em sequência)

     O Salar é mais outro ponto extremamente obrigatório para viajantes na Bolívia. Se você não visitou o Salar, você não foi na Bolívia!
     O tour para o Salar parte da cidade de Uyuni, uma cidade bem interessante e basicamente populada por mochileiros de toda parte do mundo. E isso torna um pouco difícil encontrar hostels lá, então se pensar em dormir lá, trate de reservar antes!
     Eu acabei por fazer o passeio duas vezes, pois minha família veio visitar e fui novamente, e em nenhuma das vezes eu dormi em Uyuni. As duas vezes peguei ônibus de La Paz, que chega em Uyuni por volta de 6 e meia ou 7 da manhã, e o tour começa por volta de 11 horas, então dá tempo de sobra de encontrar uma agência e até pechinchar no preço sem precisar dormir na cidade.
     O tour pode ser feito de 1 dia até 4 dias, sendo o mais comum de 3 dias. O de 3 dias você vai no deserto de sal, na placa do Dakar, no restaurante de sal (embora algumas agências ofereçam almoço do lado de fora, sentado no chão), nas famosas bandeirinhas, no deslumbrante espelho dágua, e isso tudo no primeiro dia! Os outros ficam por conta das Lagunas e formações rochosas, além de um banho relaxante (para quem tem coragem) em uma piscina termal com um visual incrível de fundo.
     Quanto a escolha da agência, vai muito de sorte. Nem sempre se você pagar mais, vai ficar em uma agência melhor. Na primeira vez que fiz o passeio, eu estava sozinho e paguei muito barato (650 bols) simplesmente porque estava em cima da hora e o carro tinha apenas uma vaga (fica a dica se você for sozinho), e almocei dentro do restaurante, comida de primeira em todas as habitações, e tive um pequeno problema pois comecei de trás pra frente o passeio. Fui primeiro nas Lagunas e voltei para Uyuni, onde a agência me pagou janta e um quarto privado, e no outro dia quando fui fazer meu último dia, acabei por pagar mais 200 bolivianos para fazer mais dois dias com o grupo que estava iniciando, e visitei a vila de Coqueza, onde fiz um trekking interessante para o vulcão de lá, visitei múmias em seu habitat natural sem nenhum tipo de proteção, e fiquei em outro hotel de sal, diferente dos que você fica durante a viagem.
     Na segunda vez que fiz com minha família, fui com a MESMA agência, mas o passeio foi diferente: Almoçamos de fora do restaurante, mas dormimos os 2 dias em hotéis de sal em localidades diferentes, e não fomos no espelho dágua em Coqueza, acabamos por ir em outro local para um espelho exponencialmente maior, onde creio que todos visitam.
     O passeio no Salar nem é preciso dizer que é a coisa mais importante a ser feita na Bolívia não é??
Só não ficou no meu Top 1 porque tem um passeio que é muito fooda!

Comi dentro do restaurante a primeira vez!
Já na segunda...

Espelho na frende de Coqueza, e o cão que comeu meu SelfieStick 

Início do trekking em Coqueza, olha a visão do Salar!

Rústico.

Mamão e eu e minha irmã brincando com perspectiva!

Hostel de sal na 2 vez


Top 1:  Death Road em La Paz  (entre 350 até 550, dependendo da bike, agência e grupo)

     É só indo pra ver galera. O Downhill da morte ou Death Road de La Paz é o tipo de coisa que você vai querer voltar um dia na sua vida, e nunca, mas nunca mesmo vai esquecer da adrenalina que passou!
     Antes de continuar, devo dizer que não achei tão perigoso assim. As bikes das melhores agências são excelentes, você pode ir completamente no seu ritmo, se quiser ir BEM devagar não tem problema, pois a van vai por último seguindo o caminho e se você quiser ir junto com ela ou até ir descansando dentro dela por algum período você pode fazer isso, além dos equipamentos de segurança serem bem úteis. Um brasileiro tomou um tombo bem feio na minha frente na parte do asfalto, saiu deslizando pelo asfalto um bom tempo, e levantou sem nenhum arranhão e continuou a descida! Equipamento muito bom mesmo.
     A primeira parte do passeio é em asfalto, para você acostumar com a bike e tudo mais, e é uma das partes que mais gostei. Você pode pegar MUITA velocidade no asfalto, e eles te ensinam como se posicionar para isso, e é adrenalina pura! E na parte do asfalto há trânsito, eu até ultrapassei um caminhão haha!
     Depois paramos em um túnel, onde esperamos todos e começamos a parte de terra, por um caminho ao lado da estrada, e que é onde você tem um gostinho do que vai enfrentar até o fim do passeio.
     Sem mais, é deslumbrante a paisagens, você passa debaixo de algumas cachoeiras, adrenalina pura, visão perfeita, emoção, até os lanchinhos que eles dão são bons, e no final um almoço buffet com piscina por algumas horas para descansar!
     Se for em La Paz, tem que fazer o Downhill da morte.

Uma das paradinhas pra descansar

Tirei a sorte grande no grupo, só brasileiros gente boa!

A go pro pegou o final do tombo do cara, e não machucou nada!

Primeira parada pro lanchinho!



Huayana Potosi - dia 3

    Dia 1: Aqui

    Dia 2: Aqui

   Vídeo do segundo dia: Aqui

    E acordaram agente. Meia noite em ponto, eu levantei e vi o pessoal já começando a arrumar as coisas. Pra começo de conversa, eu não fechei o olho nem um minuto. Não dava pra dormir assim de repente as 7 horas da tarde, e eu estava muito, mas muito ansioso. Fiquei ouvindo música e olhando pro beliche de cima até o guia abrir a porta pra acordar a galera.
     E foi tudo muito apressado. Acordei, vesti o equipamento muito rápido, e fui comer, porque meu guia falo que agente iria sair uns 30 minutos antes do pessoal, já que eu iria bem devagar. Consegui comer uns 3 pães, joguei metade da minha água fora e enchi de água fervendo com folha de coca e açúcar, botei a água na mochila, meus chocolates, umas folhas de coca, e as câmeras (as baterias ficavam no bolso da primeira jaqueta, pois no frio extremo elas descarregam). E saí do refúgio.
     E eu tremia. Não sei se pelo frio, ou se pela ansiedade, ou os dois.
     O guia que me treinou no dia anterior, falou para eu colocar a jaqueta pesada na mochila, e só usar depois das 4 e meia da manhã, onde o frio seria extremo, e assim o fiz. Como eu usava todo o equipamento, só tinha a jaqueta, 2 litros de água/chá, e uns chocolates na mochila, e as câmeras, então ela estava bem leve, eu nem sentia ela nas costas, e isso me animou um pouco.
     Realmente eu e meu guia saímos antes do pessoal acabar de comer, junto com um guia com o japonês e um francês. Descemos por uns 10 minutos até onde iria começar a ficar complicado, e ele pediu pra eu colocar os meus crampons no pé. Eu não estava conseguindo, porque o outro guia mudo o tamanho dele para caber na mochila. Aí eu sentei na neve, tirei a luva e fui tentar arrumar. O guia pegou minha luva e jogou uns 10 metros pra baixo, dizendo que o vento poderia fazer aquilo, então eu nunca poderia tirar a luva e botar na neve. Está muito certo, mas era necessário jogar a luva? E claro, ele sempre reclamando que eu não treinei nada. E é verdade, o outro guia não havia me ensinado nada. Mas a culpa era minha? Eu em. Acabou que botei os crampons, ele amarrou a corda em mim, e começamos a andar.
     Cada passo afundava neve até meu joelho, e apesar de agente andar a passos de tartaruga (MUITO LENTAMENTE mesmo), era bem difícil caminhar.
     E agente caminhou, e eu conseguia enxergar bem lá atrás, a lanterninha na cabeça do pessoal que começou depois, e um pouco na frente, o outro guia e os outros 2 que estavam com ele. A lua estava bem forte, e quase que agente nem precisava de lanterna, e o frio já estava bem tolerável, agora que eu estava quente e animado.
     E agente andou aproximadamente uma hora, e paramos para descansar (eu estava precisando já), e o pessoal todo se juntou. Quando voltamos a andar, andamos por 20 minutos e meu guia falou que agente iria por outro caminho, um mais curto e mais fácil. O curioso é que só agente foi nesse caminho. Depois de meia hora sozinhos, encontramos os outros, mas bem na nossa frente. E eu nem tinha parado para descansar nem nada, então acabo que não sei se o guia estava era querendo me cansar pra eu desistir logo, porque ele tava bem escroto mesmo!
     E a propósito, umas duas vezes o guia parava de andar, e começava a bater o pé e a picareta no chão, e na segunda vez eu entendi o motivo: abriu um buraco na neve, e eu nem via o fundo. Era como se agente estivesse andando em uma pequena placa de neve, com um puta buraco pra baixo. Aquilo me assustou pra caralho, e agente teve que desviar do caminho um pouco por causa disso.
     Mas a pior coisa que eu já fiz na vida, ia acontecer depois de uma meia hora de encontrado o grupo. Eu comecei a ver as lanterninhas do pessoal se aproximando, mas curiosamente estavam muito alta. E estavam mesmo. Tinha uma parede de iceberg, que eu nem via aonde acabava, que agente ia ter que escalar. Eu até agora não sei que merda passou pela minha cabeça pra eu fazer aquilo.
     Logo que cheguei, o francês estava na metade da parede, escorregou os pé e ficou preso só pela picareta, seguido de gritos de todos os guias do tipo "VOCÊ VAI MATAR TODO MUNDO! PRESTA ATENÇÃO! FAZ ISSO NÃO!", porque tipo, você não tem proteção nenhuma, só uma corda de um metro amarrado no guia, que está escalando logo acima de você. Então se você cair, além de todo mundo que está embaixo, você leva seu guia junto.
     E eu, que vi neve duas vezes na vida antes desse tour, comecei a subir. O guia foi na frente, e eu subi. A propósito, agente treina com duas picaretas técnicas, e lá agente estava com uma normal. E eu fui subindo. E aproximadamente na metade, minha mochila bate em alguma coisa. Eu desviei muito para a direita, e acabei entrando em um vão entre duas paredes de gelo, e tive que descer e continuar para esquerda. Perto do final, a parede entorta para trás, como aquelas paredes de rapel mesmo, e quando olhei isso, olhei pra baixo e vi que estava facilmente a uns 15 metros do chão, entrei em pânico. Eu não conseguia me mexer. A sorte é que estava perto, o guia já estava la em cima e gritando pra mim não parar nem olhar pra baixo, e eu não sei da onde surgiu a força, e eu continuei, escorreguei os pés também, mas cheguei lá em cima. Dei dois passos e caí. E chorei pra caralho.
    Ou tentei, porque a falta de ar era tanta que nem isso dava direito. No treino do dia anterior, o americano falou que eu tinha que confiar no meu pé, e não apoiar tanto só na mão. E eu acho que confiei até demais. Eu nunca fiz tanta força nas panturrilhas, nos antebraços e nos ombros na minha vida. Um pouco por medo, um pouco por tensão, outra por pânico. E isso tudo anoite. Você só vê o pedaço da parede que a lanterna bate, o barulho do vento, o frio, o guia gritando e a lanterninha dele te olhando lá de cima. É desesperador. E novamente, até agora eu não faço ideia de porque e como eu fiz isso. Mas eu fiz.
     Alguns minutos depois deu ter desabado lá em cima, eu estava mais calmo, o guia só sentou do lado e nem falo nada, acho que ele fico até meio com dó de mim haha, e a maioria do pessoal já tinha começado a andar, exceto por umas 5 pessoas. Eu comi, bebi e respirei. E decidi voltar a andar. Um pensamento bem idiota veio a cabeça no momento: Eu vou ter que voltar por aqui? Mas logo tirei e levantei para andar. Dei três passos. Tive câimbra nas duas panturrilhas de uma vez. Caí no chão e fiquei ali mais uns 5 minutos, com muita dor e tremendo MUITO. O guia só falando pra eu voltar, que eu não dava conta e etc... bem animador. Mas eu falei que não ia parar ali. E não parei. E nesse momento, o japonês e o francês começaram a voltar. Não conseguiram prosseguir mais.
     Depois de umas 5 tentativas que foram impedidas por câimbras, eu descansei uns 10 minutos (com protestos do guia, que eu já estava pouco me fudendo também) e consegui voltar a caminhar. Cada passo que a neve vinha até o joelho, eu sentia dor nas pernas e no antebraço. Mas eu andei. Uns vinte minutos até eu ter que descansar novamente, e de novo, mais câimbras. E chorei de muita raiva nesse momento. Eu faço exercício porra, não sinto mal com altitude, e tinha um bando de pessoas que estavam andando e rindo nesse momento, porque eu não dava conta? Eu fiquei muito mas muito puto mesmo, e decidi voltar a caminhar de novo. Não antes do guia se aproximar, e eu já estava esperando ele falar merda, mas até que não. Ele falou bem calmo: "Se você pedir para descansar de novo nos próximos 20 minutos, agente vai voltar. Você precisa de muito mais energia para voltar, e você está visivelmente com dor e tremendo muito. Isso descansar não vai melhorar. E eu não posso permitir que você corra risco. Então, vamos tentar de novo?"
    Eu balancei a cabeça afirmando, arrumei meu gorro, porque eu sentia muita dor nas orelhas além de tudo, e levantei. Consegui andar os 20 minutos, mas numa parte relativamente perigosa, eu cai umas 3 vezes seguidas, por que não tinha força na perna mais. O guia voltou e já falou pra eu preparar para a decida. Nem reclamei. Só descansei uns 15 minutos, chorei pra caralho de muita raiva e desapontamento, mas aceitei a derrota. Afinal, o guia me disse que faltavam por volta de uma hora para o pico, e havia um paredão de 200 metros no final que era a parte mais difícil da escalada. Eu não tinha chances mesmo, então decidi voltar.
     A volta é MUITO rápida. Você tem que voltar pulando e meio que correndo, e foi bem fácil chegar na parede de glacier novamente. Aí dúvida foi sanada: Sim, agente ia ter que descer pela mesma parede. O guia pegou minha machadinha e começou a enfiar no gelo. Enfiou até o fim, e amarrou a corda nela. Essa era minha segurança. Uma corda amarrada em uma machadinha. Pelo menos era melhor que nenhuma né? E a descida é bem fácil na verdade, você desce igual fazendo rapel. Segura na corda e vai dando saltos para baixo. E como estava de dia, eu consegui ver o tamanho da parede, e percebi que se eu tivesse visto ela inteira algumas horas atrás, nenhuma parte de mim iria querer subir aquilo, e eu teria desistido ali mesmo.
     A volta foi bem tranquila, encontramos um lugar a cerca de uma hora do refúgio bem plano, com uma vista bem bonita, e o guia falo pra eu sentar pra ver o sol. Ele realmente ficou com dó de mim. Até começou a puxar assunto, e ficamos lá uns 30 minutos vendo o sol e comendo as trocentas barras de chocolate que eu tinha levado. A propósito, folha de coca é completamente inútil lá. Sua boca fica EXTREMAMENTE seca, e as folhas de coca só server para te engasgar.
     E só naqueles minutos que eu fui me tocar que eu pedi demais. Minha resistência física não pode ser comparada aos outros que já subiram montanhas, ou que atravessam a américa de bike. E meu pânico e desespero na parede fez eu fazer MUITA força, que até hoje, um dia depois, eu não consigo esticar meu pé pra baixo e fechar a mão por completo. Então eu aceitei melhor a derrota. E vi nascer do sol mais bonito que vi na vida, até mais do que no espelho do salar.
     E voltei para o abrigo, tomei um chá de coca, encontrei o francês vomitando por causa da altitude, arrumei meus equipamentos na mochila, e dormi cerca de uma hora, achando que havia acabado. Mas não mesmo.
     Acordei com o pessoal voltando, visivelmente exaustos, uns com extrema dor de cabeça, outros vomitando, mas todos chegaram no topo. Eu tava meio envergonhado ali de não ter conseguido, mas acho que não tinha motivo pra isso.
     Depois do pessoal comer e descansar, agente foi fazer aquela mini trilha do primeiro dia de volta, lembra? Só que agora abençoada por uma nevasca, e minha mochila de novo com uns trocentos kilos. E claro, com minhas pernas e costas ainda latejando. O americano levou uns 3 tombos até feios, e teve que parar pra trocar de bota, e eu continuei indo com meu guia. Claro que eu cansei e fui descansar, e todo mundo passou e continuou indo, e o que faltava acontecer? Sim, eu me perdi.
     Não tem trilha, é um bando de pedra com uma puta neblina, e eu não via ninguém. Chamei e ninguém respondeu. Nenhum barulho nem nada. Falei beleeeza, terminando com chave de ouro o passeio!
     E eu continuei a caminhar para a direção que eu meio que achava que era, e lembrava de algumas partes da vinda, então fiquei sozinho uns 10 minutos até que achei pegadas. Frescas. E segui elas por uns 30 minutos, até encontrar uma casa. Vazia. Andei mais um pouco e vi uma casa com um pessoal, e fiquei muito feliz.
     Chegando lá eu reconheço um guia de um pessoal que estava lá em cima, e felizmente, ele me reconheceu. Me falou que peguei a virada errada, e que vim pra casa errada, mas a outra era logo ali pra cima, cerca de uns 25 minutos. Ai eu lembrei que realmente tinha uma  casa próxima do abrigo, e fiquei feliz de ter encontrado. Triste era os 25 minutos a mais com as pernas arrebentadas, mas cheguei na porcaria do abrigo, a van já estava lá, só devolvi os equipamentos, entrei na van, e desmaiei, até ser acordado aqui em La Paz.
     Mas foi isso, Huayana Potosí 1 x 0 Eu. E na boa, placar final.

Tava até animado antes do paredão

Tremendo muito, a foto não saiu. Daí foi onde voltei

Quase atropeçando na volta! Não é legal cair aí...
Recompensa... Não foi no top mas ta valendo!

Huayana Potosí - dia 2

    Leia antes o primeiro dia:   Primeiro dia


     Eu nem consegui dormi de ansiedade, e acordei até meio tremendo. Hoje seria o mini-trekking (aproximadamente duas horas) para o primeiro refúgio, onde agente aguardaria até meia noite para começar a subida rumo ao Huayana.
     Acordamos bem cedo, tomamos um café bem farto, e começamos a nos preparar. E nesse momento, eu tive a melhor notícia que eu poderia ter: eu teria um guia só para mim! Como eramos cinco, acabou que sobrei sozinho! Acho que é a melhor notícia que eu poderia ter recebido até então, porque minha preocupação de andar devagar ou atrasar alguém sumiu naquele momento, e até então essa era a minha maior preocupação.
     Quando fomos preparar a mochila com os equipamentos, encontrei o primeiro problema. Eu não tinha NADA na mochila, e meus equipamentos mal couberam dentro. Talvez porque a única bota que me serviu era 47, e a jaqueta que me deram era muito grossa, mas o guia já ficou bem grilado aí, falando que eu estava levando coisa demais. Eu até tentava mostrar que não tinha nada além dos equipamentos na mochila, mas o guia era bem escrotinho mesmo. Nem queria ouvir, só falava pra eu arrumar se não eu não iria conseguir subir com esse peso nas costas.
     Eu achei que era exagero, porque na boa, duas horas de trekking deve ser bem fácil né?
     Não. Ainda mais com uns 16 kgs nas costas.
     Me arrumei todo, e quando saí do refúgio, encontrei aquele primeiro alemão que ia fazer em dois dias voltando da montanha. Ele estava visivelmente exausto, e disse que foi muito mais difícil do que ele achou que era, mas ele chegou no topo em 5 horas. Não sei se me senti bem ou mal com isso que ele falou, mas logo eu ia descobrir.
     E começamos a andar. Tudo muito legal, visual bacana, eu estava ouvindo música, e a primeira hora foi basicamente caminhada e foi relativamente tranquilo. Mas aí a coisa ficou feia. Da metade par frente, não é simples caminhada. Tem lugares que você tem que escalar mesmo, usando as mãos e tudo mais, em pedras com pouco de neve, bem escorregadias, e com uma mochila pesada nas costas. E sem proteção. Caiu, é um tombo bem feio. Bem feio mesmo.
     Os americanos e o guia deles se distanciavam cada vez mais, e eu estava muito cansado, precisando descansar a cada 20 minutos, e deixando meu guia visivelmente chateado. Teve algumas vezes que ele nem parou, e eu cheguei a perder ele de vista algumas vezes. (Guia bom né?)
     Depois de muita dificuldade, cheguei ao destino, cerca de 20 minutos depois dos americanos, e enquanto eles estavam conversando de boa, eu mal conseguia ficar de pé. Isso na primeira trilha. A mais fácil. E com meu guia falando "Lugar de brasileiro é na praia, o que que você ta fazendo aqui?". Bem motivador ele. E eu fiquei levemente preocupado.
     Foi quando entrei no novo abrigo. É muito igual os abrigos que eu tinha visto em filmes e documentários sobre montanhas, escaladas etc, e isso me deixou muito animado. Fora que tinha umas 10 pessoas lá em cima já, e ficamos conversando por horas, jogando baralho, conhecendo o pessoal etc. Tinham americanos, italianos, franceses, alemães, ingleses e eu! E ah, eu realmente era o único sem experiência em montanhas. Tinha um japonês também, mas ele não falava inglês, e ficou deitado sozinho o tempo inteiro.
     Foi bem legal ficar lá, teve nevasca bem forte, o banheiro era extremamente frio e era quase um trekking pra chegar nele, o visual era inexplicável, até mesmo com a nevasca, o pessoal divertido, a comida muito boa, o ambiente legal, enfim, eu me diverti muito mesmo durante o dia inteiro nesse abrigo. Mas quanto mais se aproximava das 7 horas, onde o jantar ia ser servido e agente ia dormir para acordar meia noite, minha tensão aumentava. Mas por alguma estranha razão, eu estava confiante. Talvez porque até os experientes estavam com mal estar da altitude, e eu por algum motivo sou completamente imune a isso, e como eu até faço exercícios, não conseguia imaginar um motivo para eu não conseguir chegar ao topo. Isso eu iria encontrar no dia seguinte. Ou daqui algumas poucas horas na verdade.

Fotinhas da mini trilha


Pode escorregar não!

Pra variar, meu guia me esperando...

Mochilinha pequena nas costas, e bando de folha de coca na boca!

Uns alemães vindo atrás da gente

Chegueeeeei!

Olha que abrigo doido!

Subir essas pedrinhas ae com a mochila né fácil não!


   
   








Huayana Potosi - Dia 1

 
A história até chegar ai

      Bem, a van tava marcada pra chegar na porta do meu hostel 8:30. Acho que 6:00 acordei sozinho e fiquei verificando se todas as minhas tralhas estavam arrumadas. Eu tinha que levar minha mochila cargueira praticamente vazia, porque me disseram que eu teria que carregar todo o equipamento. E isso era um problema, porque eu só tinha essa mochila e uma pequena de laptop.
      Acabou que coloquei as roupas que não ia levar, meu violão, minha mochila com meu laptop dentro da capa de proteção da cargueira e deixei (com receio) no depósito do Wild Rover. 
     Comi uns 6 pães com manteiga e geleia como de costume, e acabou que a van chegou exatamente as 8 e meia.
     Era só eu na van. E a propósito, van mais arrumada que vi até agora! Mas foi pouco tempo, fomos até a agência aqui perto para experimentar os equipamentos.
     Experimentei a bota, o capacete, calça, jaqueta e luvas, e conheci um alemão que ia fazer o passeio, mas sem o dia de treino. Ele ia fazer em apenas dois dias. Tinha 19 anos, era sua quarta ou quinta montanha, mas seria a mais alta. E chegaram um casal de americanos, que iam fazer o passeio comigo. Eu tava meio assustado de ser o único sem experiência até agora, mas o casal de americanos aparentemente não tinha experiência.
     Voltamos para van e andamos por cerca de duas horas, até chegarmos ao primeiro refúgio, na base da montanha. Bem legal o local, e conheci mais dois alemães que iriam fazer o passeio de 3 dias também, junto comigo. Um deles fazia parte da sociedade de alpinistas da Alemanha, então creio que eles tinham experiência né?
     Chegamos lá, conhecemos o local, e descobrimos que era carpete no segundo andar, então não podia andar de bota.
     Foi aí que aconteceu. Vou ter vergonha disso pro resto da minha existência... mas era a única solução. Tive que usar uma crocs. 
Primeira refeição no abrigo!
NÃO É MINHA ESSA CROCS. É da agência.
     Eu fiquei muito perdido ai. Você tem que botar sua calça quente, uma calça por cima, a calça-suspensório da agência, uma camisa segunda pele, uma camiseta, uma camisa de lã e a jaqueta da agência, 2 meias, a bota da agência (lembra muito um patins sem rodinhas), os crampons, que são aqueles espinhos que encaixam embaixo da bota, uma luva de lã, a luva da agência, um capuz seu, um capuz que tampa todo o rosto da agência, um capacete, pegar sua machadinha ou sei lá o nome daquilo, e colocar um encaixe para cordas na sua cintura. Enfim, tava me sentindo um transformers.
     Nesse treino, era só andar cerca de 25 minutos até uma geleira próxima, ir até uma parede de aproximadamente 10 metros, e escalar ela com duas machadinhas técnicas. Eu estava bem assustado, mas depois que fiz a primeira vez, acabei por me tocar que aquilo era como aquelas paredes de rapel que tem em shoppings de vez em quando, com cordas de proteção e tudo mais.
     Mas eu só fiquei tranquilo depois que me arrebentei todo. Eu não conseguia confiar nos parafusinhos da bota para segurar meu peso, então eu fazia MUITA força com o ante braço para segurar todo meu peso na mão, fora que o americano me falou (o guia não ensinou absolutamente nada) para não encravar o machado com muita força, mas eu colocava tanta força, que mal conseguia tirar ele para subir mais um pouco. E um detalhe, a corda era amarrada la em cima na machadinha enfiada na neve, e dava a volta e era presa no guia que devia ter 55 kilos... Então era meio complicado pra eu confiar né?
     Enfim eu cheguei la em cima, desci igual rapel, e subi mais uma vez. Mas quando acabou, eu não conseguia mover meus dedos da mão, e isso me assustou um pouco. E a propósito, havia apenas um guia para nós três, apesar de todos os lugares falarem que era proibido mais de duas pessoas por guia na geleira. E eu estava bem preocupado de acabar por atrasar o pessoal, porque se uma pessoa se sentir mal ou estiver cansado, o guia é obrigado a voltar, e ele não pode deixar ninguém sozinho, então a outra pessoa acaba sendo obrigada a voltar também. 
     E apesar deu achar que eles não tinham experiência até agora, eles estavam cruzando a América com bicicleta, então acho que preparo físico eles tem né? E algum tempo depois, descobri que o americano já tinha escalado inúmeras montanhas de gelo, e a namorada dele 'apenas' umas 10. Mas beleza.
     E o treino foi apenas isso. Voltamos para o abrigo e ficamos comendo (café, almoço, lanche e janta) até a hora de dormir, e conversamos bastante. Foi até bem interessante. Descobri como funciona as eleições nos EUA*, como é a religião na Alemanha, os problemas políticos nesses dois países, falei do brasil, falamos de estudo e etc... Enfim, foi muito divertido. Galera era bem legal!
     Anoite fui preparar minha primeira noite em um saco de dormir daquele tipo (até -15 graus), e até que foi tranquilo. Eu dormi bem pouco, mas era mais motivo de ansiedade mesmo. Não estava assim tão frio, apesar deu estar com 4 camisas, 2 calças, 2 meias e um saco de dormir, e a noite passou bem rápido.
     E eu fui usar o banheiro. Que era do lado de fora, e levemente aberto. Eu tive que colar muito papel na tampa do vaso pra usar... mas não porque era sujo. Porque quando eu sentei, sabe aquelas cenas de filme onde o ator gruda a língua num poste congelado? Pois é. Foi quase assim. Eu quase sai correndo pra fora do banheiro com as calças no joelho... Ia ser uma cena não muito agradável. 
     No outro dia, a coisa ia começar a ficar complicada.

SEGUNDO DIA:   Aqui
Chegando no treino
alá eu brincando de rapel! E com muito medo ahah

Na volta eu tava tão folgado que até tirei o capacete

Trilhazinha pra ir pro glacier do treino



Aqui nosso quartinho!

A comidinha era bem boa!